sábado, 7 de agosto de 2010

Mangá, Preconceito e Alfabetização



Para quem não sabe, sou estudante de Artes Visuais - Licenciatura, quase formanda, e estou começando a escrever meu artigo para o trabalho de conclusão de curso. O que isto quer dizer? Que eu tenho pesquisado razoavelmente sobre algumas coisas. Uma delas é o preconceito com histórias em quadrinhos.

Tudo começou com os Estados Unidos da América (não me diga ¬¬), em 1954 (segundo o livro "Mangá: Como o Japão reinventou os quadrinhos"), quando o governo americano queria extinguir qualquer meio de comunicação onde se fizesse uma critica do governo (assim como foi a ditadura aqui no Brasil). As pessoas começaram a espalhar a mensagem de que as histórias em quadrinhos faziam você ficar burro e que era coisa de criança, mas que também era desaconselhado para estas. Tiveram "estudos" (totalmente sem embasamento) que diziam que as hqs faziam as pessoas ter mais tendência a ser um assassino, um ladrão, e até homossexual, mais ou menos como fazem com o video-game atualmente, na minha visão. Esta mesma visão e difusão de idéia sobre quadrinhos foi espalhada aos quatro ventos do mundo.
Porém, no Japão, esta mesma idéia não foi tão fixada. Os japoneses conseguiram manter sua visão sobre as animações e quadrinhos e criaram o mangá e o animê (mesmo que em algumas vezes tendo sido usado para a atração das pessoas para o militarismo). Não que o governo japonês não tivesse se esforçado para que tal visão se difundisse, afinal, quadrinhos e animações americanas (super populares como Mickey) foram banidas na época no país. Mas após a guerra e com os americanos se infiltrando no Japão, eles acabaram por voltar a estas formas de expressão que até hoje são vinculadas.
Diferente de todo o resto do mundo, no Japão pessoas de todas as idades lêem mangás, afinal, estes são divididos por faixa etária. Por isso, muitos ocidentais, incluindo o criador do livro citado anteriormente, Paul Gravett (pelo menos o livro me deu esta sensação), tem uma visão um tanto inferior e infantilizada dos japoneses, que lêem seus mangás em qualquer lugar (muitas vezes em trêns ou até locando em locadoras de mangás > O.O).
A visão ocidental de histórias em quadrinhos trazem uma má educação as crianças, e que ajuda no analfabetismo é tão errada, burra, e me dá tanta raiva que não dá para medir. Afinal, a criança de lê Turma da Mônica sabe que o Cebolinha fala errado, portanto, na verdade, as falas do personagem fazem com que a criança trabalhe a mente para corrigir os erros e entender as frases. Não é de hoje que as histórias em quadrinhos podem ser feitas para educar, afinal, o Japão é a prova que os mangás, e qualquer outra história em quadrinhos, pode ser utilizada para um bem maior. O país é um dos mais baixos, se não o mais baixo, em nível de analfabetismo no mundo, e um dos mais seguros, o que prova que os mangás não influenciam nem para a violência (porque sabemos que muitos são violentos), nem no sentido da leitura, afinal, qualquer meio de leitura pode ser considerado sadio, se bem utilizado.
Por fim, vale lembrar que no Japão tem Berusayu no Bara ("A Rosa de Versalhes") nas bibliotecas escolares para o estudo da história da França. Acho que estas são palavras suficientes para qualquer otaku falar quando for chamado de burro, infantil, ou qualquer outra coisa justamente por ler uma história em quadrinhos.

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